Um lugar onde a palavra “acolhimento” ganha ainda mais força. São tantas histórias de vida reunidas, experiências compartilhadas e acima de tudo, um momento de diversão. Quem tem 60 anos ou mais encontra no projeto social “Estrela Branca” voluntários que ouvem, amparam e ensinam.
Criada 9 anos atrás e apoiada pelo Governo de Mato Grosso do Sul, a iniciativa surgiu da parceria entre dois amigos no Bairro Moreninha, região Sul de Campo Grande. Nossa equipe de reportagem acompanhou uma manhã de atendimentos com oferta de lanche, orientações sobre como evitar violência contra idosos, aulas de artesanato e de educação física.
“Eu passo minhas dificuldades, mas eu sou uma pessoa muito expansiva. Eu gosto de demonstrar, não gosto de guardar nada para dentro. Aqui eu fico uma pessoa bem solta, bem leve, tenho muitas amizades, a turma é muito boa”, diz.
O atendimento vai além do lanche e das aulas. Uma simples troca de carinho pode ser o que se espera. Em muitos dos idosos, os voluntários percebem sentimentos de abandono, rejeição, isolamento. O grupo estabelece um vínculo, por isso a definição do lugar como “segunda família”. A troca de emoções leva ao apoio emocional. O cuidado com a saúde mental também é prioridade.
Dona Nilda Souza Silva, conhecida como Baiana, adora pintar, dançar e fazer amizades. Além do “Estrela Branca”, a aposentada de 77 anos, participa de outros projetos sociais voltados às pessoas da terceira idade. “Eu não fico doente porque não dá tempo. É difícil eu ficar em casa. Bato perna o dia inteiro. Onde tem atividade eu tô indo”, conta aos risos.
Aos 79 anos, o vigilante aposentado Francisco de Andrade também participa de outros projetos onde joga vôlei e bocha. No “Estrela Branca” gosta de passar o tempo preenchendo palavras cruzadas porque “mexem com a memória”. Foi conhecer o projeto a convite de uma amiga e percebeu o quanto uma simples atividade em grupo pode afastar a tristeza. “Eu era muito depressivo, acabou tudo. Hoje estou bem, não falto nenhum dia aqui. Eles ajudam a gente bastante”, relata.
Além da sede na Moreninha I, o projeto que está mudando a vida da dona Aurea e outros 69 idosos, faz atendimentos nos bairros Paulo Coelho Machado, Jardim Los Angeles, Aero Rancho e Homex. As atividades vão desde distribuição de alimentos até aulas de futebol para crianças. Ao todo são em torno de 6 mil pessoas beneficiadas por ano.
Tudo começou com a parceria entre dois amigos. O atual coordenador Gilson Natis é um deles. Trabalhava com um grupo de jovens de famílias de baixa renda e o amigo dele, dono de um mercado chamado Estrela, fazia doações de alimentos para ajudar a comunidade. Daí surgiu a ideia de criar uma Organização da Sociedade Civil. E a palavra “branca” no nome vem de algo que não tem envolvimento com questões políticas.
O acolhimento feito pelos voluntários garante mais qualidade de vida e demonstra o quanto é importante seguir com ações assim pelas regiões da cidade. “Quando a gente executa um trabalho como esse diminui lá no posto de saúde. Diminui a depressão, a ansiedade que é a porta para muitas outras doenças. Você fazendo o atendimento psicológico, dando uma motivação aos assistidos pela ONG, eles vão ter menos casos de doença, de depressão. Vão diminuir a fila do remédio”, detalha.
A parceria com iniciativas assim é prioridade para o Governo de Mato Grosso do Sul, através da Sead (Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos) que faz um acompanhamento do trabalho feito pelas organizações da sociedade civil.
Danielly Escher
Fotos: Bruno Rezende