A indústria chinesa BBCA, que prometeu investir R$ 2,2 bilhões em Mato Grosso do Sul, está no centro de uma polêmica judicial após ter investido apenas 4% do valor comprometido e se recusar a devolver um terreno avaliado em R$ 10 milhões, cedido pelo município de Maracaju. O projeto, anunciado em 2013 com grande expectativa, previa a instalação de uma fábrica de derivados de milho e produtos químicos, mas até agora, não gerou os resultados esperados.
Onze anos depois do início do projeto, a empresa encontra-se em uma disputa judicial para evitar a devolução da área doada. A BBCA alega ter investido cerca de R$ 90 milhões no local e considera ilegal o decreto municipal que solicita a devolução do terreno. Além disso, a empresa busca uma compensação de R$ 20 milhões pelas melhorias realizadas na área.
A PGE (Procuradoria-Geral do Estado) argumenta que a BBCA deve restituir os incentivos fiscais recebidos, já que não cumpriu com as obrigações estabelecidas no acordo. O valor exato a ser devolvido ainda será calculado pelo fisco estadual, considerando os benefícios fiscais concedidos, como isenção de impostos sobre a compra de máquinas e matérias-primas.
O projeto, que deveria estar operando desde dezembro de 2017, passou por diversas prorrogações, mas nunca foi concluído. Em 2018, um último acordo com o governo estadual estabeleceu que a primeira fase de operações deveria começar em 2020, o que não ocorreu. Em resposta a uma notificação do governo em 2021, a BBCA informou ter concluído apenas um galpão industrial, algumas infraestruturas básicas e a compra de maquinários, o que foi considerado insuficiente pelas autoridades.
A situação se agrava com a frustração do município e de seus moradores, que viram as expectativas de desenvolvimento e geração de empregos se esvaírem. O prefeito de Maracaju, Marcos Calderan, decidiu reverter a doação do terreno, afirmando que a cidade perdeu tempo e expectativas com o projeto chinês. Ele destaca que o valor do terreno aumentou significativamente desde a doação, e que a prefeitura não cederá a mais pedidos de prorrogação por parte da BBCA.
Em meio à controvérsia, o projeto da BBCA em Maracaju tornou-se um exemplo de como grandes promessas de investimento podem falhar em cumprir o esperado, deixando para trás um rastro de frustração e recursos públicos desperdiçados. A disputa legal continua, enquanto o terreno e os recursos investidos permanecem sem trazer os benefícios prometidos à comunidade local.