Luís Roberto Barroso, futuro presidente do STF, afirma “nós derrotamos o bolsonarismo” e gera controvérsia entre políticos e na sociedade
O futuro presidente do STF é alvo de críticas e pedido de impeachment após comentários feitos em um evento da UNE
Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e futuro presidente da corte, tornou-se centro de uma tempestade política na quinta-feira após fazer comentários controversos em um evento da União Nacional dos Estudantes (UNE). Barroso afirmou “derrotamos o bolsonarismo” ao se referir à luta pela democracia e a livre manifestação, levando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, a cobrar uma retratação. Paralelamente, a oposição no Congresso anunciou intenções de pedir o impeachment do ministro.
As observações de Barroso foram uma resposta às vaias recebidas durante sua participação no evento da UNE. Ele afirmou ter enfrentado tanto a ditadura quanto o bolsonarismo, e que respeitava as discordâncias, que são uma parte fundamental da democracia. “Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”, afirmou.
Pacheco, em entrevista coletiva, expressou sua preocupação com os comentários do ministro. “Acho que cabe ao ministro de fato fazer explicação em relação a isso, eventualmente uma retratação. Todos nós temos o direito de errar, de ter uma fala infeliz em algum momento… mas não cabe a um membro do Poder Judiciário, seja um juiz de primeira instância ou um ministro da Suprema Corte, fazer manifestações de cunho político em relação a uma ala política ou qualquer situação de natureza política”, argumentou.
A oposição ao governo Lula reagiu às declarações do ministro, com parlamentares anunciando nas redes sociais que irão solicitar o impeachment de Barroso no Senado. O líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy, questionou a normalidade do comentário de Barroso e anunciou que a oposição entraria com um processo de impeachment contra o ministro por cometer o crime de ‘exercer atividade político-partidária’.
Pacheco indicou que diversos senadores expressaram insatisfação com as declarações de Barroso, levando-o a se pronunciar. Ele questionou inclusive a participação de um ministro do STF em um evento de cunho político.
A assessoria de imprensa do Supremo defendeu Barroso, destacando que ele, o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o deputado Orlando Silva participaram do evento para uma “breve intervenção sobre autoritarismo e discursos de ódio”. Afirmaram que a frase ‘Nós derrotamos a ditadura e o bolsonarismo’ referia-se ao voto popular e não à atuação de qualquer instituição. Barroso deve assumir o comando do Supremo entre o final de setembro e início de outubro, após a aposentadoria compulsória da atual presidente do tribunal, Rosa Weber.