Mato Grosso do Sul tem uma realidade comum a muitos estados brasileiros: o transplante de órgãos e tecidos pode representar uma segunda chance de vida para muitos, mas a doação só se torna possível com o consentimento da família.
Atualmente, no estado, 577 pessoas aguardam um transplante. Desse total, 406 esperam por córneas e 171 por um rim. Os transplantes de rim e tecido músculo-esquelético são realizados apenas em Campo Grande. Já o transplante de córnea é realizado tanto na capital quanto em Dourados. Caso haja necessidade de procedimentos não disponíveis no estado, o paciente é transferido para onde ele pode ser realizado.
Até agora, Mato Grosso do Sul registra 139 transplantes de córnea, 22 transplantes renais e 1 de coração no ano corrente.
O processo é rigoroso e controlado: uma lista única determina a sequência de pacientes, considerando fatores técnicos como tipagem sanguínea, compatibilidade e gravidade. O Brasil, através do SUS, se destaca como possuindo o maior programa público de transplante do mundo, com aproximadamente 87% dos transplantes de órgãos feitos através de recursos públicos.
O Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, comemorado em 27 de setembro, é um momento para refletir sobre a importância do ato de doar. Em apoio a esta causa, o mês de setembro é denominado Setembro Verde, visando conscientizar e incentivar mais doações.
Entretanto, a legislação brasileira prevê que, mesmo se uma pessoa expressa o desejo de doar, a decisão final é da família. Claire Carmen Miozzo, coordenadora da Central Estadual de Transplantes da SES, enfatiza a relevância do diálogo com familiares, pois, muitas vezes, eles não sabem da vontade do potencial doador.
Shelma Zaleski e Josiane Pereira Lima são testemunhos vivos da diferença que um transplante pode fazer. Ambas se beneficiaram do transplante de córnea devido à condição de ceratocone. Suas histórias reforçam o impacto profundo e transformador da doação de órgãos.
No Brasil, existem dois tipos de doadores: vivo e falecido. O doador vivo, com restrições, pode doar órgãos como um dos rins ou parte do fígado, medula óssea ou pulmão. Já o doador falecido é geralmente uma vítima de morte encefálica, como de um traumatismo craniano ou AVC.
Para todos aqueles que consideram a possibilidade de se tornar doadores, o primeiro passo é simples: comunicar o desejo à família. Essa única conversa tem o potencial de salvar inúmeras vidas.
Para mais informações: A Central Estadual de Transplante atende pelo (67) 3312-1400 / 3321-8877.
Foto: Bruno Rezende